Livro revela que o primeiro-ministro também não tem médico de família – O Jornal Económico

O primeiro-ministro António Costa, criticado nesta quarta-feira por Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, durante o último debate do Estado da Nação desta legislatura, pela degradação dos serviços públicos, não tem médico de família. É o que garante o livro “A Geringonça”, escrito pela jornalista Inês Serra Lopes, que a Oficina do Livro vai lançar na próxima semana.

“Irá anunciar medidas, ainda antes das legislativas de 2019, para contrariar essa ideia, verdadeira, da insuficiência das funções do Estado. António Costa deve ter contado no seu núcleo duro que ele próprio, primeiro-ministro, não tem médico de família atribuído. Ele e mais umas centenas de milhares de portugueses ignorados pelos centros de saúde responsáveis”, revelou Inês Serra Lopes num livro descrito como “um relato detalhado de como nasceu e funcionou o governo socialista liderado por António Costa e assente num acordo histórico entre o PS, o BE, o PCP e o PEV.

A ex-diretora de “O Independente” e do “Semanário Económico” entrevistou políticos e economistas para revelar os bastidores da “geringonça”, descrevendo os quatro partidos de esquerda como “primos” dificilmente conciliáveis que convergiram para a moção de censura do efémero XX Governo Constitucional e para a formação do XXI.

“Uma das coisa mais marcantes desses dias, entre outubro e novembro de 2015, foi o cinismo e a determinação de António Costa. Durante quase três semanas, enquanto negociava o entendimento com os três partidos à sua esquerda, o líder socialista sentou-se à mesa com o PSD e o CDS, fingindo procurar uma solução de governo. Tudo para justificar a queda de um governo que não chegou verdadeiramente a nascer”, escreveu Inês Serra Lopes em “A Geringonça”, que será apresentado por Pedro Mexia e Rui Tavares na próxima terça-feira, 16 de julho, na Livraria Buchholz, em Lisboa.

Pedro Nuno Santos não quis ser ministro

Inês Serra Lopes descreve também como o principal negociador da “geringonça”, Pedro Nuno Santos, “o socialista mais à esquerda dos socialistas portugueses”, recusou uma primeira subida a ministro, em outubro de 2018, quando foi convidado para assumir a pasta dos Assuntos Parlamentares. Citando uma fonte próxima do então secretário de Estado, “o cargo era apenas um ‘caramelo’, uma forma de António Costa fingir que o promovia, sem lhe dar uma verdadeira pasta”.

Pedro Nuno Santos queria ser ministro da Economia, mas Costa preferiu recorrer ao seu amigo Pedro Siza Vieira, “uma espécie de antídoto para sossegar empresários preocupados com a emergência da extrema-esquerda e para ir buscar votos ao centro”. E só na quarta e última remodelação foi nomeado ministro das Infraestruturas e da Habitação.