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Quem não gosta de uma boa previsão? – Meios & Publicidade
Ricardo Tomé, director coordenador da Media Capital Digital
Confesse-se. Mesmo que desconfie. Pelo menos de quando em vez opta por dar alguns segundos de pausa e ler o início da previsão. Por vezes (não raras vezes) detemo-nos quando a mesma reitera as nossas convicções e acenamos que sim, já tínhamos pensado nisso. Outras há que são de tal forma insuspeitas e surpreendentes que damos por nós a ler para tentar antever uma qualquer parvoíce ou, pelo oposto, tendência a acompanhar com interesse. Mas fazemo-lo hoje em dia com a segurança cada vez maior da big data e do machine learning, apoiados por soluções como por exemplo o dia-a-dia com as apps de meteorologia na mão, que com poucos minutos de falha nos avisam da previsibilidade de a chuva estragar-nos a roupa quase seca no estendal. Não admira, portanto, que se olhe cada vez mais – até pelo final do ano a aproximar-se – para as previsões. Mas será que vale a pena?
“Os humanos vão poder fazer upgrades a si mesmos de forma contínua”, diz-nos Tamar Kasriel, fundador da Futureal, completando ainda que “os seres humanos irão dividir-se entre os que terão superpoderes e capacidade financeira para fazer estes melhoramentos, como melhor visão, audição, exoesqueletos, etc., e com isso obtendo mais tempo de vida, e os que não terão essas posses e oportunidades, originando uma divisão societária totalmente nova” – do mesmo autor e também defendido por Yuval Noah Harari, mais conhecido pelo livro Sapiens.
A “pobreza e a fome serão totalmente eliminadas” – esta veio mesmo da Uber. Já Mark Drapeau, head de conteúdos da World Future Society, afirma que no futuro poderemos “adquirir online emoções de alto-perfil”, podendo depois ‘experimentar/usar’. Alex Ayad, head da área de Foresight do Imperial College de Londres, alinha nesta previsão e detalha: “A partilha de emoções será tendência daqui a 20 anos; imagine estar num festival de música e publicar uma foto no Instagram e com ela a capacidade de ‘anexar’ as emoções que a pessoa estava a sentir naquele momento e que pode ‘passar’ para os outros sentirem também ao ver o post!”.
Richard Watson, futurista e fundador da revista What’s Next, adianta mesmo que os nossos automóveis vão conseguir ‘ler’ as nossas emoções, como nos sentimos ao volante, com isso adaptando-se e prevenindo também melhor os nossos comportamentos dentro do veículo.
Ora pois. Fiquemos atentos.
Ou não.
Estou claramente a ser provocador ao levar-nos para mais longe no tempo do que 2021. E ainda que sejam cenários fascinantes que nos fazem viajar, talvez este seja um período deveras único que vivemos e onde o nosso foco não se entusiasma da mesma forma a olhar tão longe. Talvez algumas destas viagens descritas acima venham certamente a ser certeiras. Mas de que vale prever o futuro quando o presente é de tal forma avassalador? O que temos pela frente nos próximos 12 meses será violento mas também (esperamos) promissor com a recuperação subsequente. Esta, só se fará à custa de muito esforço, trabalho e espírito de equipa – alinhamento total e união.
Se normalmente em Dezembro queremos saber o que serão as tendências e previsões, este ano olhamos para o realismo do presente. Só queremos ouvir esperança. Que tudo vai correr bem. Ou melhor, pelo menos. E uma parte está nas nossas mãos.
A previsão que se sabe é que a instabilidade e o inesperado vão continuar a ser o nosso dia-a-dia. O futuro auspicioso pode esperar, lá ao fundo, repleto de boas novas estupendas, inebriantes e fascinantes. Mas para já, os cenários de ataque estão a ser feitos e executados com o curto prazo no horizonte. É como as apps da meteorologia de que falámos no início: com toda a sua ciência e ‘matematicabilidade’ afiançam-se a prever o tempo com detalhe mas só nas 24h seguintes, depois disso são 12 dias e basta, que o S.Pedro volta e meia lança uns cisnes negros. Pragmatismo acima de tudo. E assim deve ser. Boas Festas!
* Por Ricardo Tomé, director coordenador da Media Capital Digital
