Como Hugo Veiga quer salvar a Amazónia (com vídeo) – Meios & Publicidade

Num momento em que a Amazónia está nas notícias pelos piores motivos, um projecto de Hugo Veiga, fundador e director criativo executivo da AKQA São Paulo, propõe recorrer à tecnologia para travar a sua destruição e combater o desmantelamento ilegal da floresta. Código da Consciência é um projecto liderado pelo criativo português que ganha forma através de um software gratuito e de código aberto que recorre a linhas de programação para restringir a utilização de maquinaria pesada em áreas protegidas. Para isso, o software utiliza mapas georreferenciados das áreas protegidas do mundo do World Database on Protected Areas (WDPA), um banco de dados actualizado mensalmente por ONG, comunidades e governos. Depois, o software combina o sistema de GPS existente nas máquinas com o banco de dados das áreas protegidas, detectando caso entrem numa área onde não deveriam estar.

“A destruição ilegal da natureza impacta todos, seja na diminuição da biodiversidade, na violência contra comunidades, na degradação do solo ou, em última instância, no aquecimento global. O projecto oferece às fabricantes de veículos pesados, pela primeira vez, a oportunidade de também participarem da solução desse problema”, afirma Hugo Veiga. “Além disso, acreditamos na viabilidade económica do projecto”, continua o criativo, já que “ao mesmo tempo em que uma fabricante poderia perder clientes com objectivos ilegais, poderia ganhar outros que, não apenas acreditam num mundo melhor, mas sabem das vantagens económicas de assumir essa postura num mundo cada vez mais consciente”.

De modo a que o projecto possa ser implementado pelos fabricantes de maquinaria pesada a baixo custo, além de o código poder ser obtido gratuitamente no site CodigoDaConsciencia.org por qualquer empresa interessada, foi desenvolvido um chip pequeno contendo GPS, 4G e armazenamento de dados, além do próprio código. “Que os fabricantes de tractores e os chefes todos venham e vejam isso. Para que os tractores operem, mas parem quando chegarem à nossa terra, à nossa floresta e assim ela continuar existindo. É para que tenhamos consciência e para que a floresta fique de pé”, sublinha Raoni Metuktire, líder Kayapó e parceiro do projecto.

Nesta fase, os responsáveis do projecto estão “em contacto com os CEO das dez maiores fabricantes de equipamentos de construção do mundo, com o objectivo de explicar a importância de um compromisso pela conservação ambiental” no sentido de que as novas máquinas já saiam da fábrica com o código instalado. O próximo passo, adiantam, “será transformar essa iniciativa em lei federal no Brasil e em todos os países, especialmente naqueles que mais sofrem com este problema, como Papua Nova Guiné, Indonésia, Congo e Austrália”.